13 junho 2006

A casa

Sentir-se em casa. É o sentimento que evoca a indefinição do poema.
Sentir-me em casa, seja ela qual for, ou a que for neste momento. Não a que me pariu, nem a das memórias puras de infância ou ideais de juventude... Estas eu deixei pra trás.
Falo da casa que habito e tenho que chamar de minha. Fora dela não tenho uma outra.
Derrubo fios de cabelos nos cantos e marcas de cigarro na madeira do assoalho como quem luta por deixar uma marca que a identifique, já que não é de fato um lar. Ela não é tão pequena que não me caiba, ou tão pouco iluminada que não brote um ramo de quebra-pedra, mas daí a ser minha carece de muita coisa ainda. Precisa de uma história que seja realmente minha, não plantada por outras mãos. Minha casa não tem portas. Minha consciência como o coração também se expõe desprotegida. Mas como disse, esta não é a minha velha casa da utopia. Que seja. É onde moro, como, durmo, sonho, e pra todos os efeitos, minha casa.

Lembrei dos meus 20 anos, quando achava a casa muito pequena. Lembrei de palavras de ordem e papéis, papéis, papéis, que eu preenchia, distribuía, escondia nos bolsos junto com aquele número de telefone caso algo desse errado. Papéis pelos quais eu punha a mão no fogo e hoje alimentam a fogueira dos que proclamam: Quanto pior melhor!!!!

Seja um universo de cidade, de casa, de alma, fazemos nossa morada, nos sujeitamos a ela, e vemos suas paredes descascarem... Até que seja hora de mudar.

2 comentários:

Anônimo disse...

Mudar. Refazer. Estar sempre em um novo canto, entre cânticos, prantos e risos. E construir e reconstruir quartos, atos e afagos que serão dados entre ser e viver. Sua casa é minha casa, como dizem os latinos. Minha casa é sua casa, como direi. À beleza do texto, sob o pretexto de sonhos bisonhos, bizarros ou não. Coisa de chão queimado a cigarro... Nosso canto é nosso mundo. E, creia, ainda temos muito a cantar e mudar.
Ps.: Estou trocando Branca Dias por esse. Só para refletir também.
Beijos.
Ronaldo Faria

Anônimo disse...

Houve um tempo que eu achava que determinada casa, cidade ou país podiam me fazer feliz, hoje já acho que este lugar que a gente procura está dentro da gente, que somos nós que estamos deslocados e não o lugar onde estamos. Quando estamos bem sempre o espaço sobra. Amanhã já não sei se continuarei a pensar assim, mas depois eu penso nisto.
Que você encontre logo a história que ligará você pra sempre, principalmente quando não morar mais lá, neste novo lugar.

Beijos

Hilal

PS: os comentários do meu blog estão com algum problema e por isto não aparecem, mas no final de semana vou cuidar disto.