25 junho 2006

Ao poeta da madrugada

Perto do recomeço

Eu leria tudo o que deixei pra trás antes de te dizer uma palavra. Buscaria o ponto em que não me despedi pra recomeçar nosso caminho. Tentaria absorver tuas rimas me corrompendo o peito a ponto de soar algum acorde melódico, poético, não fútil. Viria pra te mostrar que te gosto muito e que minha ausência na tua vida de sonho dói e que tuas imagens me são caras porque falam diretamente à minha alma.
Mas li até a terceira página, buscando alento, tentando não chorar feito criança. Vim e encontrei dores mais poéticas do que suporta meu encanto medíocre.
Você é poeta e pode contar amores, sonhos, desencontros e porres. E encanta como sempre, me leva pela mão. Você poeta, me dê licença pra chorar no teu colo meus sonhos desfeitos até que um dia, amigos, nos encontremos pra beber todas as lágrimas que não fui capaz de escrever.

Filha da Terra

Ah, meu querido poeta...
Porque não te vi ontém, quando a esperança era o tom e o compasso da minha dança? Eu brincava de saltar de um poste a outro, e acreditava que voaria até o último degrau só por ser mulher e me doar por inteiro. Veio uma onda forte, lavou-me toda. Os cabelos molhados, escorridos nos ombros não dançavam mais com o vento. A roupa colada no corpo, longe de despertar desejos, evidenciava as marcas do tempo e da vida, do que se esconde aos olhos com um copo a mais de cerveja. Os pés molhados, ecorregavam num desequilíbrio patético, deixando-me agachada, agarrando o pequeno pedestal com as unhas mal pintadas.
Sim. Do alto de um altar de sonho, finjo ser a musa que entende e domina os tempos da Terra. Mas assim despenteada, não passo mesmo um grão de argila, e me curvo às pressões da grande mãe.

Um comentário:

Anônimo disse...

Que a chuva seja, como sempre, benfazeja.
E obrigado pelas palavras, com muito mais poesia do que as minhas "brincadeiras" embriagadas e cíclicas.
Cuide-se!
Bebamos um dia...
Ronaldo Faria