25 julho 2007

Chorei na livraria

Faz poucos dias. Eu sabia o motivo e tinha até os bolsos cheios de outros porquês caso fosse confrontada com o ridículo de uma frase feita ou qualquer lugar comum que me rotulasse como mulher madura em crise existencial. Fato. Não tinha como escapar então só pedi pra não tentar me emocionar enquanto eu não fosse capaz de controlar os impulsos. Naquela mesma tarde, já no cinema, o filme era tão ruim que piorou minha sensação de inadequação. A melhor parte foi quando saímos da sala e conversamos sobre tantos outros finais possíveis, qualquer um deles menos óbvio, mais rico, lógico e surpreendente, chegando a idealizar uma reviravolta com o vilão saindo ileso com seu sorrisinho sarcástico - a bem da verdade muito mais realista no nosso mundo. Boa distração para meus muxoxos mas definitivamente não me tirou da linha de auto-tortura canceriana de relembrar sempre os motivos de não estar completamente feliz.

O pobre leitor já deve estar entediado por tanto prólogo sem o devido encaminhamento e explicação do que afinal me fez chorar, mas lamento, não vou contar.

Eu deveria, pelo bom manual de redação, cortar dois terços da embromação acima e começar a dar forma, estruturar e embasar uma idéia, defender um argumento ou, pelo menos, me contrapor com clareza a uns outros já consagrados. Poderia também escrever uma crônica aberta e deixar cada leitor com sua imaginação. Poderia muitas coisas se de fato tivesse nesse momento alguma inclinação para seguir o manual, ou um maior domínio sobre ele e - este dado é importante - como nunca fui bem educada para a escrita, tendo sido aluna de números no melhor momento da adolescência nunca dei muita atenção àquelas regras, por isso recorro aos meus equívocos educacionais para mandar às favas a correção e a coerção e pedir licença a quem lê só pra dizer que chorei na livraria. Ponto final.