19 junho 2006

Ao meu amigo.

J.
Hoje eu sou a escritora do lugar comum. Sem estilo, ou idéia relevante.
Vou dizer que passei boa parte da noite chorando por um amor irrealizável, que vi um filme e chorei sozinha no meu quarto, que assisti a um espetáculo de teatro que de tão lindo foi mágico e me fez rir, chorar e questionar meus sonhos e projetos (inclusive a pobreza do meu desempenho na peça que deve estrear em breve).
Não estou sendo lírica como você conhece, nem usando alguma figura de estilo pra realçar algo no texto. Sou eu falando com você. E poderia escrever por e-mail, mas preciso que fique resgistrado, então vou postar aqui, no lugar que tenho para os comentários, para as coisas que escrevo em resposta ao que leio.
Você sabe aquela montanha russa emocional à qual nos habituamos e achamos que é normal? Desde ontem comecei um mergulho e ainda estou chorando feito criança assustada. Exagero falar em choro tantas vezes num texto tão curto? Não, pois estou sendo literal e abusando do direito de me expor sem pensar nas conseqüências. Neste momento ainda choro. Fato.

Hoje acordei atrasada, evitei o espelho do banheiro que me faria cobranças, fumei dois cigarros seguidos sem nem pensar porquê, fui começar a trabalhar. Prometi a mim mesma não ligar a internet e com a determinação anulada pela falta de perspectivas, ou de auto-estima, foi a primeira coisa que fiz. Cheguei, liguei o msn, entrei no orkut. Eu procurava uma resposta que não veio, mas vi entre algumas mensagens, a tua intitulada Ultimo Informativo. Abri curiosa e tive um choque. Teimosamente cliquei em cada um dos links pra conferir e era verdade. Matas-te teus blogs. Então procurei no teu perfil de Bloguer um endereço novo. Não havia. O primeiro pensamento que tive foi que você estivesse com problemas, tivesse perdido o computador, ou não tivesse mais acesso à internet por falta de pagamento. Eu entenderia bem o último motivo, porque pra mim isso está bem perto de acontecer. Mas logo me deu raiva. Deixei de pensar nas tuas dificuldades e motivos, desejei nem saber de motivos, desejei que nem arquivos houvesse pra se consultar, desejei que você se perdesse no teu egoísmo.

Impossível negar que chorei de novo por não te entender. Chorei por mim, por sentir como uma perda pessoal inestimável como se fosse um amigo que mudasse de cidade sem deixar o endereço novo. Senti pena de mim por ser muito mais egoísta que você e querer a tua inspiração pra roubar pedacinhos e escrever meus poemas.
Mas não quero saber do motivo do bloguicídio. Talvez eu esteja completamente enganada e você ria do meu desabafo. Talvez eu nunca te entenda de verdade. Tudo o que eu queria era a tranqüilidade de poder te ver falando das tuas dores e dúvidas, grandes questões de vida e existência e desviar os olhos de dentro de mim onde agora está muito frio.
Porra J.!!!!
O teu silêncio repentino me obrigou a ouvir a minha voz.
O que eu ouvi? Não vou te contar.

Um comentário:

Ronaldo Faria disse...

Menina, nunca descreia do teu potencial. Nem fale em pobreza de desempenho. Somos o que somos, num dado momento. Nem mais, nem menos. Seja! Creia: você é muito, mais do que acredita que possa ser. E olha que disso eu entendo...
E quanto ao bloguicídio (palavra criada por ti, mas linda, atual), creia que também já o fiz. Mas voltei. Isso é o bom desta vida virtual: podermos ir e, renovados, voltar. Torço para o Johnny voltar, mesmo sem conhecê-lo. E torço, cada vez mais, para você ficar. Não cometa bloguicídio igual. Se precisar de ajuda financeira para manter-se viva na Internet, diga. Esta vastidão de inutilidades virtuais não pode perder a tua voz, as tuas lágrimas, os teus sonhos, tuas angústias, teus desejos, você.
Do amigo e fã.
Ronaldo Faria
Ps.: Porra Johnny, como a Márcia diz, vê se volta, ou fica.
Ps.1: Mas se ele for de São Psaulo, corra atrás...
Cuide-se: hoje, amanhã e sempre!