24 agosto 2006

No escuro

Fiquei sem luz faz alguns dias. Deixei atrasar a conta além do limite e cortaram. A geladeira que há tempos trabalhava pra esfriar uma garrafa d'água finalmente teve descanso.
Sem luz não tinha computador, não tinha blog nem bate papo. Descobri o tamanho da minha solidão. Sem eletricidade eu não tenho amigos.
Meu filho chegou da creche e chorou com a notícia de que não tinha luz porque não paguei a conta, mesmo podendo ver TV na casa da vó, não era o bastante pra ele. Queria a tranqüilidade do clique no botão que magicamente espanta o bixo-papão do quarto à noite.
Naquele fim de tarde, sentei no quintal consolando meu anjinho, tentando explicar que trabalhei sim pra ter o dinheiro, mas não ganhei o suficiente. Disse que às vezes lutamos muito, mas era preciso lutar mais um pouquinho. Contei pra ele que tem muita gente que trabalha a vida toda e vive no aperto, crianças que não ganham presentes e ainda trabalham no sol e no frio pra ajudar aos pais. Contei que falta trabalho pra muita gente que precisa comprar feijão, e como não tem trabalho, não tem feijão.
Naquele anoitecer enchi a casa de velas, deitei do lado do meu filho contando historinha de formigas e cigarras. Ele dormiu e eu chorei baixinho.
No dia seguinte o Sol, mais do que bem vindo marcou o vinco das minhas olheiras. Tive certeza: Não sei o que faria da vida sem a luz do Sol.

Um comentário:

Anônimo disse...

Márcia, saudades também. Quer uma força financeira, a fundo perdido? Não te esqueci. Cuide-se. Estou aqui, para o que der e vier. Força. Muita força. Te gosto.
Ronaldo Faria