08 março 2007

Dia Internacional da Mulher, sim!

Só não pode virar dia de presentinho.
Tem que se lembrar, e contar pros outros, e fazer cara feia diante das piadinhas bestas, e arrancar arrepios contando porque o símbolo da luta é um pano lilás.
Tem sim que fazer do dia de homenagem o dia do desconforto, respondendo a cada parabéns com um soco bem dado no estômago, chamando pra briga e dizendo que hoje é dia de lembrar da mulher de unhas sem pintura, de cabelos ressecados, de peitos caídos já sem leite, do sangue aguado que se pudesse diluir mais um pouquinho, fazia uma sopa pra encher as barrigas dos filhos que insistem em querer comer.
Ninguém me tira esse direito de gritar que em briga de marido e mulher todo mundo tem dever de se meter, SIM. Como? Não virando os olhos, não tapando os ouvidos, não calando a voz amiga que ampara, aconselha e dá força quando a colega já sofreu tanto que deixou de acreditar que tem direito de viver sem dor, seja física, psíquica ou moral.
Não é pra isso que se marcou de roxinho esse dia do calendário? Então vamos aproveitar e levar pro resto do ano, tanto a gana na luta pela dignidade, quanto a esperança de libertar as Marias da Penha desse choro abafado que não cessa atrás das quatro paredes.

Nenhum comentário: